A Oncogeriatria é uma área de atuação de médicos geriatras e oncologistas, que atuam em conjunto de modo interdisciplinar, para o cuidado abrangente e integral dos pacientes idosos com câncer.
Com o crescimento acelerado da população idosa e a maior incidência de câncer nessa faixa etária, o médico geriatra com formação e atuação em Oncogeriatria tem um papel importante no seguimento conjunto com o Oncologista para a realização de um cuidado abrangente e integral à pessoa idosa com câncer, levando em consideração as particularidades do envelhecimento e as doenças crônicas e síndromes geriátricas mais comuns nessa faixa etária.
O objetivo da Oncogeriatria é garantir um cuidado integral e interdisciplinar, que possibilite um tratamento oncológico individualizado e eficaz, com impacto positivo na qualidade de vida e melhor tolerância do paciente idoso aos tratamentos oncológicos propostos.
A avaliação geriátrica da pessoa idosa com câncer envolve uma abordagem multidimensional que inclui a análise de sua funcionalidade, cognição, humor, mobilidade, estado nutricional, comunicação e vulnerabilidade sociofamiliar. Essa avaliação detalhada é crucial para desenvolver um plano de tratamento personalizado e eficaz, que auxilie o Oncologista na prescrição do tratamento oncológico mais adequado e individualizado.
O papel do geriatra que atua em Oncogeriatria consiste no rastreamento e diagnóstico precoce do câncer, com o encaminhamento para o médico oncologista para continuidade do cuidado e tratamento oncológico; a gestão e controle adequado de doenças crônicas e a identificação precoce de síndromes geriátricas que podem comprometer a tolerância do paciente ao tratamento oncológico proposto; o controle adequado dos sintomas da doença oncológica, assim como das toxicidades do tratamento; o auxílio na reabilitação do paciente idoso com câncer e a atuação multidisciplinar com oncologistas, cirurgiões oncológicos, radioterapeutas, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, educadores físicos, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais, assim como com outras especialidades médicas sempre que necessário.
Além disso, o médico geriatra que atua em Oncogeriatria também está habilitado para oferecer cuidados paliativos para idosos com câncer avançado, com intervenções geriátricas focadas no alívio de sintomas, controle da dor e suporte emocional para o paciente e seus familiares, que possibilitem uma melhor qualidade de vida ao paciente durante todo o tratamento oncológico. A comunicação clara e o suporte contínuo são fundamentais nesse processo.
A Sociedade Americana de Oncologia Clínica e a Sociedade Internacional de Oncogeriatria recomendam que toda pessoa idosa com o diagnóstico de câncer, em planejamento de tratamento oncológico, seja avaliada por um médico geriatra com atuação em Oncogeriatria para realização de uma avaliação geriátrica ampla (AGA) que possa identificar vulnerabilidades que não são capturadas rotineiramente nas avaliações oncológicas habituais.
As evidências apoiam, no mínimo, a avaliação da funcionalidade, comorbidades, polifarmácia, quedas, depressão, cognição e estado nutricional da pessoa idosa. Além disso, recomenda-se a avaliação do risco de quimiotoxicidade grave, assim como da expectativa de vida, por ferramentas validadas na literatura médica. Os resultados da AGA devem ser aplicados para desenvolver um plano de cuidados integrado e individualizado para a pessoa idosa, que auxilie o oncologista na tomada de decisão e permita intervenções geriátricas efetivas que melhorem a tolerância do paciente ao tratamento oncológico proposto assim como a sua qualidade de vida.
